sexta-feira, janeiro 12, 2007

A História dos Morávios

Os morávios são os habitantes eslavos da moderna Morávia, a parte mais oriental da República Tcheca. Eles falam dialetos morávios da língua tcheca e são nos dias de hoje considerados um ramo dos tchecos. A questão "será que os morávios fazem parte da nação tcheca ou não?" ainda é viva para alguns grupos da Morávia. Alguns morávios declaram etnicidade separada. Contudo, o problema quase não tem dimensão política e para a maioria da população a questão da língua morávia ou de uma nação morávia é puramente folclórica. Uma razão para disputas, pode vir do fato de que, por razões históricas distantes, a expressão em tcheco utilizada para tchecos e boêmios era a mesma: Čech. Então teoricamente pode não estar claro a que povo a expressão se referia quando utilizada. Poderiam se referir a boêmios, morávios, e às vezes até a silésios quando citado.

Avivamento

Os morávios foram um dos grupos que mais trouxe impacto ao mundo. A vida que eles tinham com Deus mudou o curso de toda a história. O mundo estava experimentando uma frieza religiosa. O pensamento racionalista havia invadido as escolas e as igrejas. Os pregadores haviam tornado as suas mensagens muito dogmáticas e estéreis. Tudo eram debates. Todos queriam apresentar os seus conhecimentos intelectuais. Havia muitos que conheciam coisas acerca de Deus. Mas eram raros os que conheciam a Deus. Por causa disso, por causa desse desconhecimento de Deus, diversas revoluções sangrentas aconteceram no século XVIII. Uma dessas revoluções foi a revolução francesa. Muitas pessoas morreram injustamente na França. Sem dúvida, quando o homem tira os seus olhos de Deus, a carne e o pecado começam a aparecer, trazendo destruição e miséria. E foi nesse tempo de crise, de racionalismo, de frieza espiritual, que Deus levantou os morávios. De fato, Deus, por sua misericórdia, sempre levanta pessoas nos momentos turbulentos da história. Os morávios eram pessoas que estavam escapando da sua terra em consequência de uma terrível guerra, a guerra dos trinta anos.

Todos eles eram protestantes. Todos eles eram evangélicos. Contudo, como nós falamos nos dias de hoje, eles eram de denominações diferentes. Uns eram hussitas, outros calvinistas e ainda outros luteranos. Contudo, todos eles foram para o mesmo lugar. Eles foram morar nas terras de um conde muito rico, chamado Zinzendorf. Nessas terras eles estabeleceram a comunidade de Herrnhut, que significa, “redil do Senhor”. Entretanto, no princípio, esses refugiados de guerra tinham muitas rivalidades entre si. Cada qual tentava impor ao outro a sua forma de pensar. Cada um tentava apresentar ao outro os seus conhecimentos intelectuais. E as suas próprias paixões religiosas os estavam destruindo mutuamente.

Mas no dia 5 de agosto de 1727, depois de um período de oração, eles resolveram fazer uma aliança fraternal. Eles decidiram não mais criar debates e confusões. Eles decidiram enfatizar apenas os pontos em que concordassem e não os que divergiam entre si. Sobre esse dia, no diário deles está escrito: “Neste dia, o Conde fez uma aliança com o Senhor. Os irmãos prometeram, um por um, que seriam verdadeiros seguidores do Salvador. Vontade própria, amor próprio, desobediência - eles se despediriam de tudo isso. Procurariam ser pobres de espírito. Ninguém deveria buscar o próprio interesse. Cada um se entregaria para ser ensinado pelo Espírito Santo. Pela operação poderosa da graça de Deus, todos foram não somente convencidos, mas arrastados e dominados.” Praticamente, uma semana depois dessa aliança, no domingo, 13 de agosto, mais ou menos ao meio dia, numa reunião onde se celebrava a Ceia do Senhor, mudanças começaram a acontecer. Nessa reunião, o poder e a bênção de Deus vieram de forma poderosa. Tanto o grupo quanto o pastor caíram juntos, no pó, diante de Deus. E tal era a consciência da presença, que ninguém se levantou para ir embora. Todos permaneceram prostrados até a meia noite, tomados em oração e cântico, choro e súplicas. Nessa reunião, o Senhor Jesus lhes apareceu como Cordeiro, levado ao matadouro, traspassado pelas suas transgressões e moído pelas suas iniquidades (Is 53.7,5).

Na presença do Senhor, eles se sentiram muito pecadores e também muito felizes por causa da graça de Deus, que os trouxe à salvação. Suas controvérsias e rixas foram silenciadas; suas paixões e orgulho foram crucificados. Tudo isso aconteceu enquanto fitavam atentamente às agonias do Cordeiro de Deus, crucificado em favor dos homens. A oração os uniu. Assim, no dia 26 de agosto, eles começaram a orar. Eles entenderam que, da mesma maneira como nunca se havia permitido que o fogo sagrado se apagasse no altar (Lv 6.12, 13), eles, que eram o templo do Deus vivo, jamais deveriam deixar que o fogo da oração deixasse de subir a Deus como um incenso santo (1 Co 3.16; 1 Ts 5.17; Ap 8.3,4). Nesse pensamento, 24 irmãos e 24 irmãs iniciaram uma reunião de oração que tivesse a duração de 24 horas por dia. Essa reunião de oração começou no dia 26 de agosto de 1727 e terminou somente depois de 26 de agosto de 1827. Foram mais de 100 anos de oração ininterrupta. Aquelas pessoas se revezaram em oração e oraram por mais de 100 anos! Durante esse tempo, o zelo evangelístico cresceu de tal maneira que em vinte cinco anos eles enviaram mais missionários que todas as igrejas protestantes juntas.

Em todo tempo, os morávios encontraram incentivo no texto de Isaías 53.3-12. Eles faziam do sofrimento do Senhor o impulso e fonte de toda a sua atividade. De fato, dessa profecia eles tiraram o seu “brado de guerra” missionário: “Conquistar para o Cordeiro que foi morto a recompensa dos Seus sofrimentos”. Que o Senhor nos abençoe e nos use para trazer impacto à nossa geração! Amém.

Pastor Gustavo Borja Bessa